Image default
ARTIGOSCana de Açúcar

[Arnaldo Luiz Corrêa] – Mercado do Açúcar – 24 a 29/09/2018

ARNALDO LUIZ CORRÊA

Gestor de Risco para o mercado agrícola de commodities e Diretor da Archer Consulting – Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltda.

ÍNDIA BALANÇA O MERCADO ENQUANTO OS MAIS EFICIENTES SOFREM

O mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana com uma minúscula alta em relação à sexta anterior. O vencimento março/19, agora o primeiro contrato negociado na bolsa de NY, encerrou a 11.20 centavos de dólar por libra-peso, apenas 5 pontos de alta em relação à semana anterior.

A Índia chacoalha o mercado internacional com o imenso subsidio para a exportação de açúcar aprovado pelo governo daquele país. O Brasil precisa entrar com uma representação na Organização Mundial do Comércio sob o risco de colocar o setor sucroalcooleiro em desconstrução.

É praticamente impossível competir no mercado internacional quando um pais cujo custo de produção é acima de 18 centavos de dólar por libra-peso tem subsidio suficiente para inundar o mundo de açúcar, prejudicando todos os demais, principalmente o Brasil, cujo custo caixa é de cerca de 12 centavos de dólar por libra-peso FOB Santos. Se aqui temos as usinas mais eficientes do mundo é difícil imaginar que algum produtor no mundo esteja ganhando dinheiro. É só olhar o balanço de uma grande empresa europeia que está no setor.

A crise piora com a desvalorização do real que coloca o endividamento das usinas acima de 157 reais por tonelada e restringe ainda mais o crédito, aumentando o desconto nas negociações de contrato físico para 2019/2020, criando uma bola de neve com consequências inimagináveis.

No mercado futuro, vimos o spread outubro/março chegando a negociar a 102 pontos na semana, após a derrubada de preços em NY seguida do anúncio indiano. Spread desse tamanho significa que o outubro negociava a um desconto de 25% ao ano equivalente em relação ao março. Ou seja, extremamente vantajoso para quem tem destino final receber açúcar na expiração de outubro (ocorrida nesta sexta-feira) e absurdamente maravilhoso para os fundos que rolam suas posições vendidas agregando esse enorme carrego do mercado. Na expiração do contrato para vencimento outubro/2018 apenas 5,337 lotes foram entregues totalizando 270 mil de toneladas de açúcar. Como será que o março reagirá na segunda-feira?

Nos últimos doze meses, os dois contratos de commodities com melhor desempenho foram o petróleo WTI e o petróleo Brent que subiram 44.4% e 42.5% respectivamente. No mesmo período, quem amargou o pior desempenho foi o açúcar, caindo 20.4% e o café caindo 20.3%. Essa performance combinada, de energia para cima e softs para baixo, afiançam que os fundos especulativos não têm a menor pressa em liquidar a posição short que possuem, cujo volume até terça-feira passada era de 132,000 lotesequivalentes a 6.70 milhões de toneladas de açúcar. Além disso, o cenário macro não é nada bom para as commodities e a possibilidade de um dólar mais forte adiante não é nada alentadora.

Fábio Zenaro, diretor de Produtos de Balcão, Commodities e Novos Negócios da B3 (antiga BM&F Bovespa) em artigo publicado no jornal Valor Econômico na semana passada deu uma importante orientação que deveria ser emoldurada e pendurada na parede da sala do CEO de qualquer empresa (em especial, do agronegócio brasileiro): “o uso de derivativos como parte da política de gestão de risco das empresas é ferramenta essencial para a saúde financeira. Não possuir uma política de hedge é extremamente danoso e perigoso, havendo vários casos de empresas que não sobreviveram ao tempo por não fazerem adequadamente a gestão de riscos de mercado a que estavam expostas”.

A afirmação do diretor da Bolsa cai como uma luva para o setor sucroalcooleiro. Só adicionaria que a política de hedge não deve ser terceirizada, tem que construir seus alicerces dentro de casa. Se a terceirização for inevitável, que pelo menos o médico (que prescreve o remédio) e o dono da farmácia (que vende o remédio) não sejam a mesma pessoa. As histórias que se ouvem no mercado de commodities (grãos e softs) quando ambos são a mesma pessoa são de arrepiar.

Aumenta o risco de Haddad ganhar as eleições presidenciais no Brasil. Impossível prever o desastre que sua eventual eleição traria para a economia, para a política e para o moral dos cidadãos de bem se esse boneco de ventríloquo do criminoso Lula receber a faixa presidencial. Além disso, é desalentador ver a manipulação da mídia brasileira em favor da esquerda. Até mesmo jornais e periódicos de credibilidade, que deveriam primar pelo jornalismo sério e investigativo dão espaço para os criminosos habituais. Não se sabe qual será o resultado disso tudo, mas o cheiro que está no ar não é saudável. Compra de puts (opções de venda) fora do dinheiro para vencimento março de 2019 pode ser uma proteção no caso de o Brasil eleger novamente alguém dessa organização criminosa.

Estão abertas as inscrições para o XXXI Curso Intensivo de Futuros, Opções e Derivativos em Commodities Agrícolas, que ocorrerá nos dias 19 (terça), 20 (quarta) e 21 (quinta) de março de 2019, no Hotel Paulista Wall Street, na Bela Vista, em São Paulo (SP). Para mais informações, mande e-mail para priscilla@archerconsulting.com.br . Recomendamos que antes de fazer o curso, o participante leia o livro Derivativos Agrícolas, que pode ser encontrado no iTunes, Amazon, Livraria Cultura ou no site www.estantevirtual.com.br

Bom final de semana a todos.

Related posts

[Décio Luiz Gazzoni] – Românticos ou pragmáticos?

Mario

[Rafael Coelho] – Como a Indústria Espacial irá adubar as AgFintechs?

Mario

Deixe um Comentário

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Presumiremos que você concorda com isso, mas você pode cancelar se desejar. Aceitar Leia Mais