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Ações Sustentáveis: O controle biológico de pragas na Cafeicultura Brasileira

MARCOS MATOS
Diretor Geral do CECAFÉ

LILIAN VENDRAMETTO
Gestora de Sustentabilidade do CECAFÉ

 

O Cecafé, como legítimo representante do setor exportador do café brasileiro, realiza diversas ações sustentáveis, com racionalidade e junto ao cafeicultor e demais seguimentos, que visa ao interesse nacional. Por meio dos seus Programas de Responsabilidade Social e Sustentabilidade, o Cecafé e seus associados reafirmam o compromisso do País na difusão das melhores práticas ambientais e sociais em todos os seguimentos da cadeia produtiva.

Somado a isso, em sua missão de promoção da imagem e da comunicação voltadas à sustentabilidade do café brasileiro, o setor tem o compromisso de apoiar e divulgar todas as ações desenvolvidas, demonstrando a permanente evolução e as melhores práticas de sustentabilidade nos processos produtivos do agronegócio café.

Os investimentos realizados em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação tanto no âmbito público quanto privado, alinhado à necessidade crescente de desenvolver soluções sustentáveis e com menos interferência no equilíbrio do meio ambiente, resultaram em benefícios a todos os elos da cadeia produtiva. Um exemplo de sucesso é o controle biológico de doenças e pragas que afetam as lavouras.

O controle biológico é um método de combater pragas agrícolas por meio da utilização de inimigos naturais, que podem ser insetos predadores, parasitoides e microrganismos (fungos, bactérias e vírus).

No âmbito público, como parte de trabalho de mais de 20 anos de pesquisa, foi descoberto no cafeeiro o fungo Cladosporium cladosporioides para utilização no campo como agente bioprotetor, combatendo outros fungos que deterioram o café. E ainda permite o uso na produção industrial de enzimas, utilizadas em diferentes processos de proteção da qualidade do café.

Tal pesquisa tem sido desenvolvida pela EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, em parceria com a UFLA – Universidade Federal de Lavras, contando com apoio do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela EMBRAPA Café, e da FAPEMIG – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais.

Outro importante estudo relacionado à identificação e uso de diferentes agentes de controle natural da broca é o fungo Beauveria bassiana. A aplicação deste fungo tem sido testada a campo, com resultados consolidados que reforçam a sua viabilidade de aplicação nos campos produtivos.

O bicho-mineiro, Leucoptera coffeella, é uma das principais pragas do cafeeiro, e está presente em todas as regiões produtoras. Os prejuízos aos cafeeiros ocorrem em consequência da redução da fotossíntese, causada pelo desenvolvimento das lesões e acentuada pela queda prematura de folhas, reduzindo a produção.

Por esse motivo, diversas iniciativas a campo têm sido conduzidas, demonstrando os benefícios promissores aos cafeicultores brasileiros. Como exemplo de pesquisa aplicada, destaca-se o estudo intitulado “Controle do bicho-mineiro-do-cafeeiro, Leucoptera coffeella por Chrysoperla externa na cultura do café orgânico na região de Coromandel-MG, apresentou resultados consolidados”, publicado por Lorena Marta Sangaleti na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Fundação Carmelitana Mário Palmério – FUCAMP. Neste trabalho foram observados importantes resultados obtidos do trabalho realizado em campo que mostraram a eficiência do Chrysoperla externa no controle do bicho-mineiro-do-cafeeiro quando utilizado como método de controle.

Durante o experimento comparou-se duas áreas distintas de lavouras cafeeiras, separadas uma da outra em aproximadamente 8 quilômetros, uma de café orgânico e a outra conduzida convencionalmente, ambas lavouras formadas pela cultivar Catuaí 62, plantados no ano de 2006.

As Figuras 1 e 2 apresentam as avaliações realizadas considerando as variáveis analisadas. Logo na primeira semana, e mantendo-se dessa forma em grande parte do período analisado, maior pressão da praga na área com o uso convencional de inseticidas, quando comparado com as áreas onde apenas foi feita a liberação massal de Chrysoperla externa.

Figura 1– Comparativo do número médio de adultos do Bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) em área tratada com liberações da larva de Chrysoperla externa e de área de cultivo convencional tratada com aplicações de inseticidas químicos.
Figura 2– Comparativo do número médio de pupas de Bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) em área tratada com liberações da larva do crisopídeo Chrysoperla externa e de área de cultivo convencional tratada com aplicações de inseticidas químicos.

Como resultado prático de inúmeras pesquisas nas áreas de café, a Associação Mineira dos Produtores de Algodão – AMIPA tem promovido e apoiado a agricultura sustentável do Triângulo Mineiro por meio da difusão do controle biológico desenvolvido pela Fábrica de Produtos Biológicos (Biofábrica), unidade filial da entidade instalada em Uberlândia.

Para o café, o uso de Chrysoperla externa foi testado e aprimorado pela AMIPA ao longo dos últimos anos nas propriedades rurais com sucesso e eficiência no controle de pragas.

Figura 3– Imagem do crisopídeo Chrysoperla externa na sua forma adulta (A), dos ovos deste agente biológico produzido pela AMIPA (B e C) e da predação da forma jovem do crisopídeo na larva do bicho mineiro (D).
Fonte: Fotos cedidas pela AMIPA

Conforme se pode visualizar na Figura 3, a imagem A se refere a fase adulta de Chrysoperla externa, predadora de lagartas do bicho-mineiro. Já as imagens B e C são os ovos deste agente Crisopídeo produzido pela AMIPA e a D refere-se a predação da forma jovem do crisopídeo na larva do bicho mineiro. Trata-se de um sinal da efetiva colonização e estabelecimento do predador na lavoura de café, o que resulta em novas gerações na mesma área produtiva, amplificando o controle biológico da praga em questão.

Diante do cenário apresentado, ainda há grandes oportunidades pela frente e, para continuar a avançar nesta vanguarda, será fundamental ampliar os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento, bem como no fortalecimento de programas de sustentabilidade, difundindo cada vez mais as boas práticas para os produtores de todos os portes e tornar a cadeia nacional cada vez mais forte, ganhando cada vez mais participação no mercado global.

O Cecafé continuará seguindo em direção a sua missão: trilhando o caminho certo para um futuro cada vez mais sustentável e socialmente responsável.

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